MACGaleria, o que é?

Em MACGaleria, são publicados periodicamente dados informativos que procuram servir como complemento da actividade expositiva exercida por esta instituição. Navegando pelos diversos posts, o utilizador poderá encontrar informação relativa aos últimos onze anos de acção museológica desenvolvida pelo MAC junto da comunidade.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Exposição da colecção do MAC agosto - outubro 2012



Um conjunto de trinta e três obras pertencentes à coleção do MAC poderão ser vistas na Fortaleza de São Tiago, até ao dia 18 de Outubro, em mais uma exposição rotativa para a qual foram selecionados trabalhos de artistas plásticos portugueses, abarcando o período de 1956 -2001, reunindo nomes como Rui Chafes, Vieira da Silva, Xana, Ana Vidigal, Lourdes Castro, António Palolo, Álvaro Lapa, Ângelo de Sousa, Guilherme Parente, Pedro Portugal, Pedro Calapez, Gaetan, Manuel Rosa e, igualmente, um núcleo de artistas plásticos madeirenses: Rui Carvalho, António Aragão, Rigo, Eduardo Freitas e José Manuel Gomes.
Comemorando-se no próximo dia 19 de Agosto, o dia Mundial da Fotografia, evocativo do mesmo dia do ano de 1839, aquando da invenção do daguerreótipo, esta mostra inclui, também, fotografias de Helena Almeida, Graça Sarsfield, Margarida Correia e do fotógrafo madeirense João Pedro Sá e Sousa (Finem Respice, 2009, fotografia digital com exposição prolongada a infravermelhos), que expôs individualmente nesta instituição, em abril passado, na mostra Espaço e identidade uma representação abstrata. 
O MAC inaugurará a 26 de Outubro uma exposição retrospetiva da obra de gravura de Ilda Reis, espolio depositado por vontade da família na Biblioteca Nacional de Portugal, constituindo a mostra numa seleção de gravuras desta artista, que foi mulher do prémio Nobel da Literatura, José Saramago, comissariada pela sua neta, Ana Matos, presentemente diretora da Galeria das Salgadeiras, Lisboa. 

Como habitualmente, o Serviço Educativo do MAC, oferece ao público visitas orientadas à exposição, com dinamização de atividades práticas de caracter lúdico- pedagógico, sob marcação prévia.

Steaks, drawings and other stories - Fagundes Vasconcelos, Junho/ Agosto 2012



O Museu de Arte Contemporânea do Funchal, apresentou entre junho e agosto de 2012 uma exposição do artista plástico Marco Fagundes Vasconcelos. Projeto que incluiu desenho, vídeo e performance, no qual participaram o arquiteto e ator Carlos Ferreira (Guida Scarllaty) e o artista plástico Adrien Vermont. Foi distribuído aos visitantes uma brochura ilustrada, com as respetivas biografias dos intervenientes e um conjunto de textos interpretativos da autoria de Carlos Valente, Rui Reininho, André Teodósio, Susana Gaudêncio, Sophie Eberard, Peter Shuy e Filipa Venâncio. Sobre a obra deste artista Carlos Valente destaca: “São figuras do grotesco, do caricato, e de um corpo transviado por proporções teatralmente mascaradas, a que o artista nos vem habituando. As histórias de escárnio e bizarria, em suspenso, são narrativas prestes a começar. Os rostos perversos, ambíguos, solenes, desafiam-nos com a sua estranheza quase circense”.
Museu de Arte Contemporânea do Funchal

A montagem, a pré-fabricação, a construção e transformação farão sempre parte de uma vertente hedonista e deducional no meu trabalho. Diverte-me o diálogo que improviso sistematicamente entre mim, o objeto, a matéria-prima rude, a textura, o traço mesmo que invisível, a estrutura, a escala desmensurada, o significado, o significante, o assunto espontâneo. Assumo um prazer momentâneo e efémero quando coloco, colo, risco, rasgo, desenho, esboço respostas imediatas, quando vacilo e interrogo o imprevisível, o desconcertante… Pouco significado tem para mim se a história tiver um princípio, um meio e um fim…mesmo vivendo nessa incontornável condição! O espaço enquanto panorama, cenário, tem de ser provocador, incitante, por vezes redundante, supérfluo, pavoroso, assustador, contudo eminentemente estético. Atrai-me definitivamente conceitos hollywoodescos, muitas vezes pirosos, descontextualizados, espelhando alguns parágrafos sociais, alguns ingredientes reais e artificiais! Satisfaz-me mais a operação enquanto proposta, o esquisso encarado como definitivo, aniquila-me o projeto pré-estabelecido, o timing de resolução/solução com antevisão prolongada. Definitivamente é no extemporâneo, no imprevisto que seleciono rapidamente a decisão. Será nesta condição (cláusula) de desassossego que o meu trabalho se desenvolve e fortalece. O gozo e a sedução de estereotipar seres abjetos, decadentes, cadivos, “fora de prazo" são impreteríveis, simulando assim um novo protótipo, para uma nova carranca fisionómica. 
Fagundes Vasconcelos 2012

terça-feira, 10 de abril de 2012

"Espaço e Identidade: uma Representação Abstrata"

Esta é a primeira exposição de fotografia de João Sá e Sousa na Ilha da Madeira, no Museu de Arte Contemporânea, sob o título "Espaço e Identidade: uma Representação Abstrata", tendo como ponto de partida várias obras de Mark Rothko, embora outros artistas também o influenciassem, como Jorge Molder, Bill Brandt, Fernando Lemos, Duane Michals e Helena Almeida. A subsequente investigação conceptual foi baseada no livro “Body of the Other” de Julia Kristeva.
As obras foram seleccionadas pelo Director do Museu de Arte Contemporanea, José Manuel Freitas de Sainz-Trueva.
Nas salas intermédias do museu, serão expostas vinte imagens criadas a partir de uma técnica de exposição prolongada à luz solar, utilizando um filtro capaz de captar infravermelhos. Desta forma, o realismo, normalmente associado à fotografia, é posto em causa, dando lugar a representações abstratas que se aproximam da pintura. Estas representações incluem elementos paisagísticos, arquitetónicos e humanos, numa perspectiva onírica, de distorção da realidade. Assim, o conceito de espaço, seja ele físico, geográfico ou social, é desafiado, colocando-o à mercê de diferentes percepções. Os espaços vividos, enquanto elementos estruturantes da identidade de cada um, são a constante nesta série de imagens do autor. Tal como escreveu Demócrito: “Nada existe a não ser átomos e espaço vazio, o resto é opinião”.
João Sá e Sousa licenciou-se em “Photography in the Arts” pela Swansea Metropolitan University, em 2009. Antes disso, adquiriu formação no CENJOR (Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas) em Fotojornalismo, bem como na ETIC (Escola Técnica de Imagem e Comunicação Aplicada) no Curso de Formação Profissional de Fotografia de Moda e de Publicidade.
Trabalha profissionalmente em fotografia desde 2001, tendo adquirido experiência em fotojornalismo, publicidade, moda, cobertura de eventos e fotografia artística.
Foi distinguido enquanto finalista numa competição da “Shots Magazine”, cuja temática era o Sublime. Foi também seleccionado para expor no Today Art Museum na China (Beijing) no âmbito do National Art Students Award. Ainda em Maio, irá expor na 5 Pieces Gallery, Berna, Suíça.
Do seu currículo fazem parte várias exposições individuais e coletivas, em Portugal e no estrangeiro, destacando-se a sua participação na National Art Students Annual Awards, em 2008, no Today Art Musem, China, Macro Point of View, Coimbra, Primeiro Festival de Fotografia de Sevilha.
Atualmente é representado pela “A Gallery”, em Londres.
Anualmente, como vem sendo hábito, o MAC tem incluído no seu programa expositivo trabalhos de autores nascidos na Madeira divulgando, desta forma, a criatividade das novas gerações de artistas plásticos, cujas as obras se desenvolvem num contexto cultural insular.
Esta mostra, a inaugurar no próximo dia 13 de Abril pelas 18h00, poderá ser vista até ao 15 de Maio.
Participou nas seguintes exposições colectivas:
Junho 2009 – “Finem Respice”
Old Truman Brewery, Brick Lane, Londres.
Maio 2009 – “Finem Respice”
Dynevor Campus, Swansea Metropolitan University, Reino Unido.
Novembro 2008 – “Our Summer”
Swansea Grand Theatre, Reino Unido.
Setembro – Outubro 2008 – “Escape from Plato’s Cave”,
National Art Students Annual Awards 2008 no Today Art Museum, China.
Junho 2008 – “Primer Festival de Fotografía de Sevilla”
Sevilha, Espanha.
Maio 2008 – “Anima Animus”
Dynevor Campus, Swansea Metropolitan University, Reino Unido.
Novembro 2007- “33”
Norwegian Church, Swansea Marina, Reino Unido.
Maio 2007 – “I Am Space”
Dynevor Campus, Swansea Metropolitan University, Reino Unido.
Maio 2004 – “Homenagem aos Fotógrafos de Coimbra”
Casa da Cultura de Coimbra.
Maio 2003 – “SOS Estudante”
Teatro Académico de Gil Vicente, Coimbra.
Dezembro 2002- “SOS Estudante”
Feira Internacional de Lisboa.
As exposições individuais que realizou, incluem:
Março - Abril 2004 –“Multiburst: a Simple Perspective”
60 Imagens expostas em 8 espaços distintos da cidade de Coimbra.
Novembro 2003 – “Abstracção Digital”
Projeccao na Associação Académica de Coimbra.
Abril 2002 – “Macro Point of View”
Exposição nas ruas de Coimbra.
Outubro-Novembro 2001
“Hinton, um Espaço Industrial” no Café Santa Cruz, Coimbra.


domingo, 26 de junho de 2011

Projecto Experiências Partilhadas - " Espelho Meu" - Museu Quinta das Cruzes / Museu de Arte Contemporânea do Funchal

Em 1999, Gaëtan ocupou as salas do andar nobre do Museu de Arte Contemporânea do Funchal - Fortaleza de São Tiago, com a exposição Cavaterra, onde agrupava desenhos datados de 1981-1998. Na sua totalidade auto-retratos a grafite sobre papel, pastel seco sobre papel, tinta-da-china e uma série – Adéle H. six portraits - a lápis de cor. A este último conjunto, juntou-se um núcleo de seis desenhos que, por aquisição à Galeria André Viana, passaram a fazer parte da colecção do MAC.
Agora, na vizinhança do retrato anónimo, armoriado, óleo sobre tela, do 3.º marquês de Castelo Rodrigo, D. Francisco de Moura Corte Real, reúnem-se quatro desses desenhos que, movidos pelo olhar, como de pedras de um jogo se tratasse, onde todas as variantes são possíveis, levam-nos a novas interrogações.
Para além da possível identidade de um rosto ou rostos o que estas obras, separadas por séculos, nos revelam, já como objecto de memória, são outras tantas formas de comunicação, transformadas numa teia de repetições, semelhanças e diferenças.
Persistentemente, e a partir de 1981, num registo compulsivo, Gaëtan auto retrata-se numa diversidade de atitudes, onde a insinuação como metáfora ou a duplicidade da máscara são vectores determinantes para o conhecimento deste rosto que ora se espanta, inquieta, observa, adormece ou envelhece.
Gaëtan vai traçando um labirinto, jogo onde o autor se vê e deixa ver, frente a um espelho cego, fazendo-nos acreditar num possível registo autobiográfico.
Variando as posições do rosto em constante mutação, em traços de grafite, carvão ou mesmo, esferográfica, raramente coloridos, de modo ora subtil ora riscando o suporte com mais violência, o seu autor constrói uma expressiva galeria de retratos, marca de um efémero tempo interior que o desenho corporiza.

“O que me interessa, perante este espelho, é registar o que vejo. Há uma preocupação muito grande em relação ao que estou a ver. E depois sai-me, parece que sai, tudo trocado. Eu olho tão intensa e fixamente o espelho, para ver o que vejo, que devo tresler o real (…).”

Mas será este sempre e o mesmo rosto, o de Gaëtan?



Exposição visitável no Museu Quinta das Cruzes até Setembro de 2011

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Alguns poemas dispersos e uma parede só para mim...

Integrada nas Comemorações do Dia Internacional dos Museus o MAC inaugura no próximo dia 18 de Maio, pelas 18h00, um projecto de Teresa Jardim, a que chamou Alguns poemas dispersos e uma parede só para mim, mostra que pode ser visitada até ao próximo dia 2 de Julho no horário habitual do Museu, com excepção do próprio dia 18 de Maio em que o MAC estará ininterruptamente aberto das 10h00 às 23h00, iniciativa integrada na Noite dos Museus.

Este projecto de intervenção de Teresa Jardim, tem como ponto de partida uma mostra rotativa da colecção do MAC, com obras seleccionadas de Pedro Gomes, Miguel Branco, António Campos Rosado, Lourdes Castro, João Cruz Rosa, Alberto Carneiro, Rui Chafes, Ana Haterly, António Palolo, João Queiroz, Fernando Calhau, Amy Yoes, entre outros, podendo ainda ser vistos trabalhos de artistas locais como Martinho Mendes, Evangelina Sirgado, Jorge Marques da Silva e Fagundes Vasconcelos.

Teresa Jardim recorre à linguagem escrita, constituída na sua totalidade por poemas, grande parte inéditos, estabelecendo uma correlação com as obras agora expostas e o próprio espaço arquitectónico da Fortaleza de São Tiago. Como aspecto estruturante deste trabalho refira-se a componente work in progress, desenvolvida antes, durante e depois da abertura pública deste projecto específico, sem que nenhuma das salas de exposição seja encerrada, processando-se todo o trabalho à vista do público, como acontecerá no próprio dia da inauguração. Por reposição ou reformulação outras peças, já apresentadas anteriormente, podem ser vistas agora num diálogo próximo com os espaços do Museu, numa intervenção de carácter site specific art.

Isabel Santa Clara Gomes, Professora na Universidade da Madeira, assina o texto do catálogo salientando que, O título Alguns poemas dispersos e uma parede só para mim aponta uma dicotomia esclarecedora, a da dispersão/concentração que atravessa, em jeito de pulsação, este e outros momentos do trabalho de Teresa Jardim. Nessa parede só para ela (qual o indispensável room of one’s own) há uma paisagem escrita devagar, que me lembra a reflexão de Perejaume, no seu livro La obra y el miedo: as formas actuais de paisagismo parecem ter incorporado o tempo como mais um elemento territorial. Por outras palavras, não se trata já de representar uma paisagem vista, mas de evocar uma paisagem vivida. E de um tempo, pessoal e intransmissível, mas nem por isso menos partilhável, dão conta os gestos e os percursos que invadiram a paisagem física e mental deste Museu.

O convite a Teresa Jardim dá continuidade a um projecto do MAC que tem como objectivo, anualmente, apresentar trabalhos de autores locais (lembrem-se as exposições de Eduardo Freitas, Duarte Encarnação, Bruno Côrte, Susana Figueira, Filipa Venâncio, Ricardo Barbeito, Ângela Costa, Fagundes Vasconcelos, Carlos Valente, Hugo Olim e Vítor Magalhães, entre outros), registando deste modo a produção recente no contexto insular, encontrando-se já convidados outros artistas plásticos para a apresentação de futuros trabalhos nesta instituição.