O Museu de Arte
Contemporânea do Funchal, apresentou entre junho e agosto de 2012 uma exposição
do artista plástico Marco Fagundes Vasconcelos. Projeto que incluiu desenho,
vídeo e performance, no qual participaram o arquiteto e ator Carlos Ferreira
(Guida Scarllaty) e o artista plástico Adrien Vermont. Foi distribuído aos
visitantes uma brochura ilustrada, com as respetivas biografias dos
intervenientes e um conjunto de textos interpretativos da autoria de Carlos
Valente, Rui Reininho, André Teodósio, Susana Gaudêncio, Sophie Eberard, Peter
Shuy e Filipa Venâncio. Sobre a obra deste artista Carlos Valente destaca: “São figuras do grotesco, do caricato, e de
um corpo transviado por proporções teatralmente mascaradas, a que o artista nos
vem habituando. As histórias de escárnio e bizarria, em suspenso, são
narrativas prestes a começar. Os rostos perversos, ambíguos, solenes,
desafiam-nos com a sua estranheza quase circense”.
Museu de Arte Contemporânea do Funchal
A montagem, a pré-fabricação, a construção e transformação farão
sempre parte de uma vertente hedonista e deducional no meu trabalho. Diverte-me
o diálogo que improviso sistematicamente entre mim, o objeto, a matéria-prima
rude, a textura, o traço mesmo que invisível, a estrutura, a escala desmensurada,
o significado, o significante, o assunto espontâneo. Assumo um prazer
momentâneo e efémero quando coloco, colo, risco, rasgo, desenho, esboço
respostas imediatas, quando vacilo e interrogo o imprevisível, o
desconcertante… Pouco significado tem para mim se a história
tiver um princípio, um meio e um fim…mesmo vivendo nessa incontornável
condição! O espaço enquanto panorama, cenário, tem de ser provocador,
incitante, por vezes redundante, supérfluo, pavoroso, assustador, contudo
eminentemente estético. Atrai-me definitivamente conceitos hollywoodescos,
muitas vezes pirosos, descontextualizados, espelhando alguns parágrafos
sociais, alguns ingredientes reais e artificiais! Satisfaz-me mais a operação
enquanto proposta, o esquisso encarado como definitivo, aniquila-me o projeto
pré-estabelecido, o timing de
resolução/solução com antevisão prolongada. Definitivamente é no extemporâneo,
no imprevisto que seleciono rapidamente a decisão. Será nesta condição
(cláusula) de desassossego que o meu trabalho se desenvolve e fortalece. O gozo
e a sedução de estereotipar seres abjetos, decadentes, cadivos, “fora de
prazo" são impreteríveis, simulando assim um novo protótipo, para uma nova
carranca fisionómica.
Fagundes
Vasconcelos 2012
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