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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Alguns poemas dispersos e uma parede só para mim...

Integrada nas Comemorações do Dia Internacional dos Museus o MAC inaugura no próximo dia 18 de Maio, pelas 18h00, um projecto de Teresa Jardim, a que chamou Alguns poemas dispersos e uma parede só para mim, mostra que pode ser visitada até ao próximo dia 2 de Julho no horário habitual do Museu, com excepção do próprio dia 18 de Maio em que o MAC estará ininterruptamente aberto das 10h00 às 23h00, iniciativa integrada na Noite dos Museus.

Este projecto de intervenção de Teresa Jardim, tem como ponto de partida uma mostra rotativa da colecção do MAC, com obras seleccionadas de Pedro Gomes, Miguel Branco, António Campos Rosado, Lourdes Castro, João Cruz Rosa, Alberto Carneiro, Rui Chafes, Ana Haterly, António Palolo, João Queiroz, Fernando Calhau, Amy Yoes, entre outros, podendo ainda ser vistos trabalhos de artistas locais como Martinho Mendes, Evangelina Sirgado, Jorge Marques da Silva e Fagundes Vasconcelos.

Teresa Jardim recorre à linguagem escrita, constituída na sua totalidade por poemas, grande parte inéditos, estabelecendo uma correlação com as obras agora expostas e o próprio espaço arquitectónico da Fortaleza de São Tiago. Como aspecto estruturante deste trabalho refira-se a componente work in progress, desenvolvida antes, durante e depois da abertura pública deste projecto específico, sem que nenhuma das salas de exposição seja encerrada, processando-se todo o trabalho à vista do público, como acontecerá no próprio dia da inauguração. Por reposição ou reformulação outras peças, já apresentadas anteriormente, podem ser vistas agora num diálogo próximo com os espaços do Museu, numa intervenção de carácter site specific art.

Isabel Santa Clara Gomes, Professora na Universidade da Madeira, assina o texto do catálogo salientando que, O título Alguns poemas dispersos e uma parede só para mim aponta uma dicotomia esclarecedora, a da dispersão/concentração que atravessa, em jeito de pulsação, este e outros momentos do trabalho de Teresa Jardim. Nessa parede só para ela (qual o indispensável room of one’s own) há uma paisagem escrita devagar, que me lembra a reflexão de Perejaume, no seu livro La obra y el miedo: as formas actuais de paisagismo parecem ter incorporado o tempo como mais um elemento territorial. Por outras palavras, não se trata já de representar uma paisagem vista, mas de evocar uma paisagem vivida. E de um tempo, pessoal e intransmissível, mas nem por isso menos partilhável, dão conta os gestos e os percursos que invadiram a paisagem física e mental deste Museu.

O convite a Teresa Jardim dá continuidade a um projecto do MAC que tem como objectivo, anualmente, apresentar trabalhos de autores locais (lembrem-se as exposições de Eduardo Freitas, Duarte Encarnação, Bruno Côrte, Susana Figueira, Filipa Venâncio, Ricardo Barbeito, Ângela Costa, Fagundes Vasconcelos, Carlos Valente, Hugo Olim e Vítor Magalhães, entre outros), registando deste modo a produção recente no contexto insular, encontrando-se já convidados outros artistas plásticos para a apresentação de futuros trabalhos nesta instituição.