MACGaleria, o que é?

Em MACGaleria, são publicados periodicamente dados informativos que procuram servir como complemento da actividade expositiva exercida por esta instituição. Navegando pelos diversos posts, o utilizador poderá encontrar informação relativa aos últimos onze anos de acção museológica desenvolvida pelo MAC junto da comunidade.

domingo, 26 de junho de 2011

Projecto Experiências Partilhadas - " Espelho Meu" - Museu Quinta das Cruzes / Museu de Arte Contemporânea do Funchal

Em 1999, Gaëtan ocupou as salas do andar nobre do Museu de Arte Contemporânea do Funchal - Fortaleza de São Tiago, com a exposição Cavaterra, onde agrupava desenhos datados de 1981-1998. Na sua totalidade auto-retratos a grafite sobre papel, pastel seco sobre papel, tinta-da-china e uma série – Adéle H. six portraits - a lápis de cor. A este último conjunto, juntou-se um núcleo de seis desenhos que, por aquisição à Galeria André Viana, passaram a fazer parte da colecção do MAC.
Agora, na vizinhança do retrato anónimo, armoriado, óleo sobre tela, do 3.º marquês de Castelo Rodrigo, D. Francisco de Moura Corte Real, reúnem-se quatro desses desenhos que, movidos pelo olhar, como de pedras de um jogo se tratasse, onde todas as variantes são possíveis, levam-nos a novas interrogações.
Para além da possível identidade de um rosto ou rostos o que estas obras, separadas por séculos, nos revelam, já como objecto de memória, são outras tantas formas de comunicação, transformadas numa teia de repetições, semelhanças e diferenças.
Persistentemente, e a partir de 1981, num registo compulsivo, Gaëtan auto retrata-se numa diversidade de atitudes, onde a insinuação como metáfora ou a duplicidade da máscara são vectores determinantes para o conhecimento deste rosto que ora se espanta, inquieta, observa, adormece ou envelhece.
Gaëtan vai traçando um labirinto, jogo onde o autor se vê e deixa ver, frente a um espelho cego, fazendo-nos acreditar num possível registo autobiográfico.
Variando as posições do rosto em constante mutação, em traços de grafite, carvão ou mesmo, esferográfica, raramente coloridos, de modo ora subtil ora riscando o suporte com mais violência, o seu autor constrói uma expressiva galeria de retratos, marca de um efémero tempo interior que o desenho corporiza.

“O que me interessa, perante este espelho, é registar o que vejo. Há uma preocupação muito grande em relação ao que estou a ver. E depois sai-me, parece que sai, tudo trocado. Eu olho tão intensa e fixamente o espelho, para ver o que vejo, que devo tresler o real (…).”

Mas será este sempre e o mesmo rosto, o de Gaëtan?



Exposição visitável no Museu Quinta das Cruzes até Setembro de 2011

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Alguns poemas dispersos e uma parede só para mim...

Integrada nas Comemorações do Dia Internacional dos Museus o MAC inaugura no próximo dia 18 de Maio, pelas 18h00, um projecto de Teresa Jardim, a que chamou Alguns poemas dispersos e uma parede só para mim, mostra que pode ser visitada até ao próximo dia 2 de Julho no horário habitual do Museu, com excepção do próprio dia 18 de Maio em que o MAC estará ininterruptamente aberto das 10h00 às 23h00, iniciativa integrada na Noite dos Museus.

Este projecto de intervenção de Teresa Jardim, tem como ponto de partida uma mostra rotativa da colecção do MAC, com obras seleccionadas de Pedro Gomes, Miguel Branco, António Campos Rosado, Lourdes Castro, João Cruz Rosa, Alberto Carneiro, Rui Chafes, Ana Haterly, António Palolo, João Queiroz, Fernando Calhau, Amy Yoes, entre outros, podendo ainda ser vistos trabalhos de artistas locais como Martinho Mendes, Evangelina Sirgado, Jorge Marques da Silva e Fagundes Vasconcelos.

Teresa Jardim recorre à linguagem escrita, constituída na sua totalidade por poemas, grande parte inéditos, estabelecendo uma correlação com as obras agora expostas e o próprio espaço arquitectónico da Fortaleza de São Tiago. Como aspecto estruturante deste trabalho refira-se a componente work in progress, desenvolvida antes, durante e depois da abertura pública deste projecto específico, sem que nenhuma das salas de exposição seja encerrada, processando-se todo o trabalho à vista do público, como acontecerá no próprio dia da inauguração. Por reposição ou reformulação outras peças, já apresentadas anteriormente, podem ser vistas agora num diálogo próximo com os espaços do Museu, numa intervenção de carácter site specific art.

Isabel Santa Clara Gomes, Professora na Universidade da Madeira, assina o texto do catálogo salientando que, O título Alguns poemas dispersos e uma parede só para mim aponta uma dicotomia esclarecedora, a da dispersão/concentração que atravessa, em jeito de pulsação, este e outros momentos do trabalho de Teresa Jardim. Nessa parede só para ela (qual o indispensável room of one’s own) há uma paisagem escrita devagar, que me lembra a reflexão de Perejaume, no seu livro La obra y el miedo: as formas actuais de paisagismo parecem ter incorporado o tempo como mais um elemento territorial. Por outras palavras, não se trata já de representar uma paisagem vista, mas de evocar uma paisagem vivida. E de um tempo, pessoal e intransmissível, mas nem por isso menos partilhável, dão conta os gestos e os percursos que invadiram a paisagem física e mental deste Museu.

O convite a Teresa Jardim dá continuidade a um projecto do MAC que tem como objectivo, anualmente, apresentar trabalhos de autores locais (lembrem-se as exposições de Eduardo Freitas, Duarte Encarnação, Bruno Côrte, Susana Figueira, Filipa Venâncio, Ricardo Barbeito, Ângela Costa, Fagundes Vasconcelos, Carlos Valente, Hugo Olim e Vítor Magalhães, entre outros), registando deste modo a produção recente no contexto insular, encontrando-se já convidados outros artistas plásticos para a apresentação de futuros trabalhos nesta instituição.







quinta-feira, 7 de abril de 2011

Exposição Rotativa da Colecção do MACFunchal, até junho de 2011

Inserida no programa expositivo do Museu de Arte Contemporânea do Funchal para 2011 e, com o objectivo de dar continuidade à política de divulgação do seu espólio, apanágio desta instituição desde a sua fundação, o MAC apresenta uma exposição rotativa, privilegiando uma selecção de obras menos vistas pelo público. Nesta mostra o visitante poderá encontrar obras de Ilda David, Alberto Carneiro, Fernando Calhau, Rui Chafes, Eduardo Batarda, André Gomes, Pedro Gomes, Jorge Molder, Albuquerque Mendes, Filipe Rocha da Silva, Sofia Areal, João Queiroz, Amy Yoes, Ana Hatherly, Pedro Cabrita Reis, Manuel Baptista, Miguel Branco, René Bertholo, entre outros.


Aproveitando a recente atribuição do Prémio AICA (pela Secção Portuguesa (SP) da Associação Internacional de Críticos de Arte), na categoria de Artes Visuais à artista plástica Lourdes de Castro, o MAC, homenageia o vasto percurso desta criadora, também representada na colecção do Museu de Arte Contemporânea do Funchal, expondo um conjunto de obras de sua autoria, de entre as quais destaca-se, um lençol bordado em linha DMT com o título “Sombra deitada”, da década de 70 do século passado.

Representados nesta exposição estão, também, outros autores madeirenses, como Evangelina Sirgado, Marques da Silva, Martinho Mendes, Fagundes de Vasconcelos e José Manuel Gomes, com obras doadas, que em muito tem contribuído para o enriquecimento do espólio desta instituição.



Esta exposição poderá ser visitada até ao final do mês de Junho.

 

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Exposição colectiva - "Horizontes Insulares"


Projecto de Maria José Cavaco - "Rotas de todos os dias" - 2010
O Museu de Arte Contemporânea do Funchal apresenta ao público a partir do dia 28 de Janeiro, uma exposição colectiva, proposta pelo Governo de Canárias, sob o título Horizontes Insulares, com trabalhos de doze artistas plásticos – Teresa Arozena, Ricardo Barbeito, Maria José Cavaco, Joëlle Ferly, Tchalê Figueira, Gregório González, Thierry Hoarau, Belkis Ramírez, Sandra Ramos, Roseman Robinot, Shirley Rufin e Júlio Suárez, provenientes das Ilhas Canárias, Madeira, Açores, Guadalupe, Cabo Verde, Reunião, República Dominicana, Cuba, Guiana Francesa, Martinica e Porto Rico, apresentando obras produzidas em diversas áreas como o desenho, pintura, instalação, fotografia, vídeo, animação.
Esta mostra que poderá ser visitada até 12 de Março, terá como suporte informativo a acompanhá-la a edição de um excelente catálogo – livro, com cerca de 366 páginas, produzido totalmente pelo Governo de Canárias, e incluindo textos de vários especialistas, sendo o texto dedicado à ilha da Madeira – “Caminhos da Contemporaneidade Artística na Madeira”, da autoria da Doutora Isabel Santa Clara, professora no Centro de Artes e Humanidades da Universidade da Madeira. A exposição em referência é comissariada pelo Dr. Orlando Britto Jinorio, licenciado em Filosofia e Letras, especialidade de História de Arte, pela Universidade de Granada, Espanha. Detentor de um vasto currículo na matéria, é colaborador da reconhecida revista de arte Lápiz, tendo desenvolvido projectos relacionados com várias instituições internacionais como: Departamento de Estúdios Africanos Contemporâneos de la Universidad de Nueva York, Centro George Pompidou de Paris, Museo de Arte Contemporâneo de Saint Louis, Missouri, Universidad de Puerto Rico, Museo de Arte Contemporâneo de Barcelona (MACBA).

Ricardo Barbeito - "Há mar e mar - há  ir e voltar" - 2010
Recorde-se que o projecto Horizontes Insulares, engloba também a literatura, sob a responsabilidade do escritor e catedrático de Literatura da Universidade de La Laguna, Doutor Nilo Palenzuela, tendo a representação da Ilha da Madeira cabido à escritora Ana Teresa Pereira, cujo texto foi ilustrado pelo artista plástico Eduardo Freitas, fazendo parte de um “coffret” de 12 obras representando igualmente a proveniência de cada autor. Os outros escritores seleccionados foram Jean François Samlong, Verónica Garcia, Anelio Rodriguez Conception, Vera Duarte, Carlos Alberto Machado, Lyne Marie Stanley, Nicole Cage Florentiny, Ernest Pepin, Maira Santos Febres, Alexis Gomez Rosa e Reina Maria Rodriguez.
Horizontes Insulares reúne pela primeira vez e põe em contacto num projecto cultural artístico e literário um conjunto de criadores contemporâneos oriundos de múltiplas e diversas geografias insulares. Espaços com características e estruturas geográficas, históricas, politicas, sociais, económicas e culturais, nalguns casos similares, noutros muito diferentes, convertendo-os por tais razões num vasto meta – arquipélago, definido justamente por múltiplos horizontes insulares.
Este projecto pretende ainda fazer fluir e gerar vasos comunicantes, a partir de territórios criativos, como são a literatura e a arte contemporânea, propiciando-nos um contacto cultural entre estas geografias, cujas três línguas fundamentais de expressão e comunicação são a espanhola, a portuguesa e a francesa.
Como afirmou no catálogo, no texto oficial de apresentação do MAC, o seu Director: “Que esta exposição seja um território sem fronteiras, um lugar feito de muitos lugares e caminhos, onde Arte e Cultura, em paralelo, se multipliquem exaustivamente como instrumentos que nos enriqueçam e ensinem também a perceber e intervir no nosso mundo.”

O serviço educativo do Museu de Arte Contemporânea do Funchal, em articulação com esta iniciativa, organiza visitas orientadas, acompanhadas por actividades de carácter lúdico-pedagógico a todas as escolas e restantes entidades que o solicitem, devendo, previamente, ser feita marcação através do telefone (291 21 33 40), por fax (291 21 33 48) ou através do endereço electrónico (macfunchal.servicoeducativo@gmail.com ou mac.funchal@sapo.pt ).