
O Grupo Millennium bcp dispõe de um património cultural considerável e diversificado, com especial incidência na pintura.Decidimos materializar esta ideia de, começando pela pintura, partilhar com outros públicos uma parte do nosso acervo, difundindo a arte em espaços variados e proporcionando assim a sua fruição por pessoas que de outro modo não teriam oportunidade de a ele aceder. Para tanto, iremos fazer circular pelos principais centros populacionais do País uma selecção de cerca de quatro dezenas de quadros de autores portugueses da nossa colecção e cuja produção se situa entre os anos 1884 e 1992.
Esta escolha contempla, para o período em referência, alguns dos maiores nomes da pintura portuguesa e cobre em especial os designados movimentos naturalista, modernista e de arte contemporânea, embora com predomínio deste último. A responsabilidade do critério básico da selecção – uma obra por artista de acordo com as possibilidades da colecção e a relevância histórica e crítica dos autores possíveis cujo lugar de entrada é o da data de nascimento – é do Banco e em primeira e última análise minha que, nesta matéria, sou sobretudo um amador interessado.
Esta escolha contempla, para o período em referência, alguns dos maiores nomes da pintura portuguesa e cobre em especial os designados movimentos naturalista, modernista e de arte contemporânea, embora com predomínio deste último. A responsabilidade do critério básico da selecção – uma obra por artista de acordo com as possibilidades da colecção e a relevância histórica e crítica dos autores possíveis cujo lugar de entrada é o da data de nascimento – é do Banco e em primeira e última análise minha que, nesta matéria, sou sobretudo um amador interessado.
Carlos Santos Ferreira
Presidente do Conselho de Administração Executivo
do Millennium bcp
do Millennium bcp
UM SÉCULO DE PINTURA PORTUGUESA
A selecção extensiva que aqui se apresenta recordará a lógica das exposições colectivas que já não se fazem mas foram tão importantes no desenrolar da modernidade, tendo ainda outra vantagem: pôr à disposição dos p
úblicos a grande aventura da pintura europeia desde meados dos século XIX, quando a estética naturalista exigiu aos artistas representar, não a beleza idealizada do classicismo, mas as gentes e as paisagens de um lugar e de um tempo concretos. Postos perante a natureza, os pintores viram-se confrontados com a variabilidade da realidade e a impossibilidade de a registarem mimeticamente, tendo em conta a diversidade dos momentos cromáticos e lumínicos, dos pontos de vista e dos enquadramentos. A grande aventura será então questionar ou destruir, nas telas, essa impossível realidade, contrapondo-lhe a estilização ou a depuração. Esse foi um caminho de múltiplos sentidos que conduziu à abstracção e, depois, a
uma infinidade de modos de fazer jogar a pintura não tanto com a realidade mas com as nossas ideias sobre ela que arrastam sonhos, pesadelos, plenas invenções oníricas ou a indagação sobre as estruturas geométricas de um mundo excessivamente vacilante. Há, nos pintores do século XX, qualquer que seja o movimento em que participam, o desejo que a pintura fale sobretudo de pintura e não tanto das coisas que a concretizam, à semelhança dos músicos que nos comunicam emoções e sentimentos, através dos recursos da própria música, tons, ritmos, interrupções,
retomas, rimas, altos, baixos.
A selecção extensiva que aqui se apresenta recordará a lógica das exposições colectivas que já não se fazem mas foram tão importantes no desenrolar da modernidade, tendo ainda outra vantagem: pôr à disposição dos p

uma infinidade de modos de fazer jogar a pintura não tanto com a realidade mas com as nossas ideias sobre ela que arrastam sonhos, pesadelos, plenas invenções oníricas ou a indagação sobre as estruturas geométricas de um mundo excessivamente vacilante. Há, nos pintores do século XX, qualquer que seja o movimento em que participam, o desejo que a pintura fale sobretudo de pintura e não tanto das coisas que a concretizam, à semelhança dos músicos que nos comunicam emoções e sentimentos, através dos recursos da própria música, tons, ritmos, interrupções,
retomas, rimas, altos, baixos.
Raquel Henriques da Silva
Professora de História de Arte
Professora de História de Arte